sábado, 15 de outubro de 2011

Visões de um acompanhante.

 Aqui vou falar um pouco do que passo como acompanhante, e creio que todos os acompanhantes lá passam por quase tudo...
Chegando no hospital:
Quando chegamos no hospital, existe toda uma equipe de "boas vindas" nos aguardando com um simpático e convidativo sorriso nos lábios. Assim que nos aproximamos deles, gentilmente nos cumprimentam com bom dias ou boa tardes. São chefes de enfermagem, recepcionistas, seguranças e raramente voluntárias. Nunca vi um médico em sí, devem ter muito o que fazer para passa o tempo que essas pessoas ficam lá para nos receber. Mas lógico isso é compreensível.
Depois, temos o saguão de recepção, onde tem dois balcões de cada lado com 2 ou 3 recepcionistas. Geralmente não há uma fila muito longa para ser atendido, mas quando há, existem cordões para guiar as pessoas e evitar tumultos. No balcão, nos recebem com outro bom dia (nem sempre caloroso), pedem os papéis de agendamento e perguntam qual andar iremos. Quando dizemos que é o 11° (quimioterapia) lá mesmo eles nos entregam o crachá e indicam por onde deveremos ir. Mas quando é consulta com médico, visita a alguma assistente social (que são especificamente mulheres) ou exame, elas checam o horário para ver se não estamos muito atrasados ou adiantados demais, retiram uma senha e indicam o saguão com a frase: "Só aguardar a senha ser chamada no próximo balcão". e lá começa o desespero. 100 pessoas na sua frente com pressa, raiva e ansiedade ocupando todas as cadeiras. Sorte que tem uma televisão, se não, muitos ficariam loucos. mas, pacientemente esperamos nossa vez e somos atendidos com certa agilidade pelos recepcionistas. Perguntam o andar, pedem os papéis de agendamento digitam freneticamente nos gastos teclados dos computadores e finalmente entregam os crachás devidamente identificados como "Paciente" e "Acompanhante", na ordem, azul e marrom. Então, nos encaminhamos para os elevadores, onde tem seguranças em uma catraca eletrônica, onde temos que passar os crachás. Como minha mãe está fraca, necessita de cadeira de rodas, temos um atendimento digamos especial dos seguranças: eles pegam nossos crachás (como é chato escrever crachá... =S) e abrem uma portinhola ao lado das catracas, para cadeirantes.
Ai vem mais um pequeno tormento: os elevadores... Ficamos cerca de 20 minutos esperando os abençoados no meio de mais 30 pessoas. É sempre muito engraçado a hora que ele chega: o sinal de que ele chegou para a solicitação de subir ou descer toca e sempre junta um bolinho de gente na porta. Quando a porta se abre, todos, ao mesmo tempo se espremem para entrar quando a voz irritada, desesperada e ligeiramente alta da pessoa que controla o elevador ordena: "Afastem-se para que quem está dentro saia antes de vocês entrarem, por favor!" ai, todos com cara de irritação se afastam e sai quase as 21 pessoas que o elevador aguenta de la de dentro. Ai, novamente, quando as pessoas se juntam a mesma voz ordena: "cadeirantes e deficientes devem passar na frente", nossa deixa. Vamos nos desvencilhando das pessoas que nos olham com cara de saco cheio para irmos ao fundo do elevador. Na hora de sair, outro tumulto: nem sempre, todos descem no mesmo andar, então quando vamos descer, todos (todos) do elevador têm que sair para que nós possamos sair. Imagino como a vida desses controladores de elevador deve ser estressada com tanto movimento assim.
Uma das coisas que me deixam triste no ICESP são os pacientes que chegam sozinhos. Muitos em cadeiras de rodas, outros com bengalas ou andadores, outros andando normalmente, mas na sua maioria, idosos. Eu fico me perguntando: Caramba, depois de tantos anos de vivencia, será que nenhum filho eles têm para ao menos acompanhar eles? Um dia do trabalho que se perde para acompanhar seu pai ou sua mãe no hospital é totalmente compreensível aos patrões! Os que não o fazem, são desumanos e sem coração. Essas pessoas, que hoje precisam de você depois de anos te dando carinho, atenção e parte de suas vidas, podem ter deixado de ser importante para você, só porque ficaram doentes? Para mim, quem ama simplesmente ama, não importa como a pessoa esteja. Se você tem ao menos um pingo de respeito para com aquela pessoa debilitada que te aturou a vida inteira, perca um dia de trabalho para ir ao hospital com ela! Fico indignado com essas pessoas que trocam um dia com seus entes queridos por horas de trabalho. Mas também fico indignado com as que o fazem com raiva e brutalidade. Se for para fazer sofrer essa pessoa que está dependendo de você, não vá, ela ficará melhor, por sua culpa com outra pessoa ou só.
Quero falar um pouco da minha mãe.
Admiro muito minha mãe. Não é de hoje. Ela sempre se mostrou muito guerreira e muito forte em vários aspectos da vida: doença, trabalho, em casa e até comigo mesmo. Ela sempre foi a pessoa que estava ao meu lado quando precisava, e se não poderia estar, sofria muito com isso. Me incentivava a me esforçar quando estava doente, me abraçava quando estava triste, me puxava para perto dela quando pegávamos chuva na rua  despreparados, me ajudava nas lições de casa e me carregava para cama quando eu dormia no sofá de noite. Sim, ela ficava muitas vezes de saco cheio de mim e um simples olhar mais duro me corrigia: ô mulher forte pra bater em mim! Nossa, não era á toa que eu corria dela quando aprontava alguma coisa. Mas com a mesma força ou até mais ela me amava... e sempre amou, pelo que sei. Por isso, ajudo ela hoje de todas as formas que posso, e das que não posso, dou um jeito de poder. E não importa quantas coisas eu faça por ela, nunca irei retribuir tudo o que ela já fez por mim. Sabe o que é você amar uma pessoa tanto, que você não consegue dizer em palavras? Sentem isso pela mãe de vocês também? É muito bom esse sentimento!Quem não ama a própria mãe (acho difícil, mas acontece) não sabe o que está perdendo. A amiga que elas são, as professoras de todas as matérias (igual as da 1ª série, que ensinam de tudo um pouco), as chefes de cozinha que sempre adivinham quando estamos com fome e o que gostamos de comer, a médica mágica que na maioria das vezes curavam nossas dores com um beijo ou um abraço, as secretárias que nunca deixavam a gente esquecer nossas coisas, as macumbeiras que sempre falavam: "pega sua blusa que jájá vai cair um toró", mesmo com um dia incrivelmente ensolarado elas acertavam (geralmente quando não pegávamos a blusa), e as mães mesmo que sempre falavam arruma seu quarto menino! Ou não põe isso na boca que é sujeira! Levanta já que você vai se atrasar! Enfim, mães! Parem um tempo para conversar com suas mães e tentem resolver o problema que separa vocês! Elas só querem o nosso bem, confiem em mim!
Bom, falei o que queria falar! Agora vou fazer alguma alquimia para inventar algo para comer e já já vou para a cama!
Obrigado por lerem-me e tenham um ótimo Domingo!
Abraços!

Quimio dia: 14/10/11

Bom, ontem ocorreu tudo bem... não como esperado mas bem.
Antes de irmos para São Paulo, minha mãe teve uma crise de tosse meio que forte, deixando ela com falta de ar. Quando chegamos no hospital e mediram a saturação* dela, estava em 86%  (para quem não está doente, a media é de 90%, podendo chegar a 100%) 2% acima do nível crítico, 84%. Logo colocaram ela no oxigênio para estabilizar a saturação. Interessante que o método usado para checar isso sem nenhum aparelho é feito assim: Aperta-se as pontas dos dedos da mão (para os médicos, fala-se periféricos) para ver em quanto tempo a branco some, se for rápido, a saturação está boa, se demorar, esta baixa e precisa ser verificada melhor (por aparelho). E isso ocasionou um pequeno atraso de 3 horas para iniciar a quimio e nós saímos mais tarde do hospital.
Minha mãe, como sempre sente muito sono durante a quimio, então ela sempre adormece. E nós acompanhantes, não podemos ficar junto, por motivos médicos e práticos: poderíamos levar alguma infecção e atrapalhar as enfermeiras na hora da aplicação, sem falar que ficar 2:30 em pé não é muito agradável também... Enquanto isso, aproveitei para comer alguma coisa e ir lá no térreo tomar um ar e digo-lhes: como esse hospital é cheio! Meu Deus quanta gente. Familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, namoradas(os), esposas, maridos filhos! Todo mundo esperando alguma coisa no mesmo lugar é ligeiramente estressante, por isso passei rápido pelo saguão e fui ao estacionamento. E lá também não é diferente, mas além de pessoas, cadeiras de rodas e bengalas ainda cabem carros na multidão. Carros pequenos, grandes e ambulâncias disputando um espaço de mais ou menos 12 metros que é onde os pacientes descem dos veículos para entrar no hospital. Alguns seguranças e manobristas tentam aliviar a tensão, mas parece impossível. Paciência é para poucos, ainda mais com alguém que você está acompanhando está passando mal ou está atrasado para uma consulta.
Saímos de casa eram umas 4:30 da manhã e chegamos eram umas 7:30, 8:00 da noite. Obviamente mortos, comemos alguma coisa e fomos logo para a cama.
Foi o aniversário de minha mãe ontem também! \o/ Mas como ela disse, não foi dos melhores. E cá pra nós, não é bom mesmo passar o aniversário num hospital se sentindo mal né? Hoje recebemos a visita de uma amiga nossa, que é a melhor pessoa conosco desde que estamos nessa batalha.Ela sempre nos apoia, sempre liga aqui perguntando se está tudo bem, e nunca evita uma visitinha de vez em quando, o que alegra muito minha mãe. Tenho que deixar nosso muito obrigado a você! Nos momentos difíceis, amigos de verdade são raros, e você desempenha esse papel muito bem, obrigado mesmo!
Vou ficando por aqui meus amigos. Dia 21/10 teremos outra quimio, e prometo postar tudo o que acontecer lá! Até lá, fiquem com minhas matérias que acho que são interessantes!
Thanks god, for another day!
Abraços!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Câncer de mama.

Muitas das mulheres que estão lá no ICESP estão com câncer de mama.
Outro dado é que a maioria dos casos são descobertos no estágio avançado. É uma estatística triste porém real que muitas mulheres não dão o devido valor a esse assunto que é muito importante!
O aconselhado é que todas as mulheres com mais de 40 anos devem fazer o exame de auto-toque para quem não tem casos na família e de 35 para quem tem caso na família, mas como se trata de uma doença imprevisível, não custa prevenir.
Você mulher,não importa sua idade, faça o auto-exame! São alguns minutos que você perde que literalmente podem salvar sua vida. Em um local privado, apalpe seus seios com certa força para sentir seu interior. Faça isso de todos os lados dele, em cima e embaixo. Se sentirem algum caroço ou área interna dolorida, procure imediatamente um médico. Faça o exame de 1 em 1 mês, 15 em 15 dias ou 1 vez por semana, como preferirem.
É importante esse exame, pois quanto mais cedo for diagnosticado, maior é a chance de ser curado. Essas mulheres que são diagnosticadas com estágios avançados só percebem que estão com a doença quando os sinais começam a aparecer.
São eles: Alterações na pele do seio, como abaulamentos ou retrações ou uma aparência similar à casca de uma laranja. Nódulos nas axilas palpáveis, também podem aparecer.
Importante!!!
Alguns homens com certa abundância de massa nas mamas, foram diagnosticados com câncer de mama! Com os mesmos sintomas das mulheres, são tratados do mesmo jeito. Podendo sim, também, ocorrer a retirada da mama.
Por isso, você homem que tenha excesso de massa nas mamas, faça o exame também! Antes prevenir do que remediar, certo?

Portanto, cuidem de vocês mesmos e aproveitem a vida! E se você foi diagnosticado com algum tipo de tumor, não se desespere: Hoje em dia, quase 70% dos tumores têm cura ou controle absoluto, o que significa vida normal após o diagnóstico!
Bom dia a todos!